Por g1
O ciberataque que atingiu empresas de quase 100 países, incluindo o Brasil, na última sexta-feira (12) provocou transtornos para o Ministério Público de São José do Rio Preto: 58 dos 110 computadores infectados com o vírus - ou seja, mais da metade das máquinas do MP - continuam parados.
Em entrevista ao g1, o promotor Sérgio Clementino explica que não houve perda de arquivos relacionados a processos, apenas documentos que estavam nas máquinas. "A dificuldade maior e que afeta o trabalho é o fato de ter computadores parados, mas o trabalho não parou totalmente. Estamos revezando, dependendo do trabalho que vamos fazer. Os computadores fazem falta, por exemplo, em atividades como peticionar os processos”, afirma o promotor.
Clementino explicou que os arquivos relacionados aos processos não foi afetado. “Houve perda de modelo de petição, de materiais que ficam na máquina, coisas que agilizam o trabalho, mas não perdemos o conteúdo de processos. O vírus não afetou os servidores”, diz.
Desde sábado, (13), três técnicos do MP estão em Rio Preto trabalhando para combater o vírus, que pede um pagamento para a liberação do conteúdo que foi criptografado pelos hackers. Segundo o Ministério Público, o valor pedido pelos hackers para a liberação do sistema e das máquinas não foi pago.
“Eles estão trabalhando na recuperação das máquinas infectadas. O sistema está funcionando parcialmente. Já as máquinas não infectadas foram liberadas e o atendimento ao público está mantido e normal. Independentemente dos computadores afetados, nós não paramos”, afirma o promotor Sérgio Clementino.
Conforme explicou ao g1, os computadores do MP usam dois HDs. Nas máquinas contaminadas, cada unidade de processamento será formatada e devolvida para a máquina voltar a funcionar. O outro será levado para análise e recuperação dos arquivos em São Paulo.
No primeiro momento, 55 máquinas foram identificadas com o vírus, mas ao longo dos trabalhos foram descobertos mais três computadores. Os ciberataques em larga escala que derrubaram sistemas de informações de empresas e instituições na Europa fizeram com que sites do Ministério Público e do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo saíssem do ar.
Ataque em larga escala
Os ataques atingiram hospitais públicos na Inglaterra, causaram a interrupção do atendimento do INSS e afetaram empresas e órgãos públicos de 14 estados brasileiros mais o Distrito Federal. A extensão do ataque leva especialistas em segurança a acreditar que se trate de uma ação coordenada, mas não se sabe ainda a autoria.
Os ataques usam vírus de resgate (ou "ransomware"), que inutilizam o sistema ou seus dados, até que seja paga uma quantia em dinheiro - entre US$ 300 e US$ 600 em Bitcoins, diz a Kaspersky. Ou seja, eles "sequestram" o acesso aos dados e pedem uma recompensa.
A empresa detectou 45 mil ataques, em relatório divulgado na sexta-feira. A maior parte foi registrada na Rússia.
No Brasil, os ciberataques levaram várias empresas e órgãos públicos a tiraram sites do ar e desligarem seus computadores:
Petrobras
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o Brasil
Tribunais da Justiça de São Paulo, Sergipe, Roraima, Amapá, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia e Santa Catarina
Ministério Público de São Paulo
Itamaraty
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
De acordo com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da presidência, as invasões ocorreram em grande quantidade no país por meio de e-mails com arquivos infectados. Segundo o GSI, "não há registros e evidências de que a estrutura de arquivos dos órgãos da Administração Pública Federal (APF) tenha sido afetada".