A Polícia Federal de Jales cumpriu um mandado de busca e apreensão em Fernandópolis (SP) como parte da Operação Lucas, deflagrada nesta terça-feira (16), para desarticular um esquema de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (Mapa) e de empresas do setor agropecuário fiscalizadas pela pasta.
O ex-presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Tocantins está aposentado e mora em Fernandópolis. Ele foi conduzido à delegacia de forma coercitiva para prestar esclarecimentos sobre "depósitos que efetuou na conta de uma auditora do setor de fiscalização do Mapa. Na época ele morava em Tocantins. Ele já prestou depoimento e alegou que os depósitos faziam parte da devolução de um empréstimo feito por ela.
A PF apreendeu um notebook, um celular e documentos na casa dele. O ex-presidente não vai ficar preso e após o depoimento foi liberado.
Entenda
Cerca de 120 policiais federais, segundo a corporação, atuam para cumprir 62 mandados judiciais em Tocantins, Pará, São Paulo, Pernambuco e Brasília. Ainda de acordo com a PF, os agentes cumprem 10 mandados de prisão temporária, 16 de condução coercitiva e 36 de busca e apreensão.
Segundo a TV Globo, todas as empresas que são alvo de mandados cumpridos nesta terça estão localizadas no Tocantins. A TV Globo apurou ainda que oito mandados de prisão estão sendo cumpridos em Tocantins, um em São Paulo e outro no Distrito Federal. Além de Brasília, os policiais estão nas ruas dos municípios de Palmas (TO), Gurupi (TO), Paraíso (TO), Araguaína (TO), Augustinópolis (TO), Araraquara (SP), Campinas (SP), Recife (PE) e Belém (PA).
A Justiça Federal também determinou o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de bens móveis e imóveis que somam R$ 2,2 milhões. A operação foi batizada de Lucas, conforme a Polícia Federal, em referência à passagem bíblica que diz “não peçais mais do que o que vos está ordenado”. Os suspeitos poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de prisão.
A operação desta terça não tem relação com a Carne Fraca, que desmontou, em março, um esquema de pagamento de propina a funcionários do ministérios para liberar carne para venda sem passar pela devida fiscalização.
De acordo com a assessoria da PF, a investigação da Operação Lucas teve início a partir da denúncia de que frigoríficos e empresas de laticínios fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura teriam sido favorecidas em processos administrativos, "por meio do retardamento na tramitação e anulação de multas".
Em troca de propina, apurou a TV Globo, servidores do ministério anulavam multas aplicadas às empresas beneficiadas pelo esquema de corrupção ou operavam para atrasar o andamento dos processos. Conforme a corporação, apenas na conta pessoal da servidora investigada foi identificada "uma diferença de mais de 200%" do que ela havia declarado em seu imposto de renda. O G1 tenta contato com a defesa da ex-superintendente.
O Ministério da Agricultura afirmou ao G1 que, por ora, não vai comentar a Operação Lucas. Em viagem oficial à Arábia Saudita, o ministro Blairo Maggi disse à colunista do G1 Andréia Sadi que aguarda o secretário-executivo da pasta repassar informações sobre a operação Lucas para tomar providências, entre as quais o afastamento dos servidores suspeitos de envolvimento com as irregularidades.