A voz embargada não nega o trauma que o operador de máquinas Jader Carlos Santos Silva sofreu ao tentar salvar o colega de trabalho que foi sugado por uma esteira de moagem de cana-de-açúcar de uma usina de Fernandópolis (SP), nesta segunda-feira (11).
Em entrevista a imprensa, o rapaz, de 23 anos, diz que estava de costas e a aproximadamente dois metros do mecânico Renato Antônio da Silva, de 40 anos. Ele conta que ouviu gritos por socorro e não pensou duas vezes em ajudar o colega que estava sendo puxado pela máquina.
“Vi ele enroscado na esteira e tentei puxá-lo. Dei o braço, mas não tinha nenhum apoio. Então caímos e ele acabou ocupando o espaço da moagem. Senti o braço dele mole, quebrado, e eu senti minha barriga queimar. Foi quando um terceiro amigo conseguiu desligar a máquina.”
Na sequência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e eles foram resgatados conscientes e encaminhados à Santa Casa da cidade.
“Eu achei que iria morrer também quando comecei a sentir meu corpo sendo queimado e cortado. Eu gritava de dor”, lembra Jader.
Entenda o caso
Testemunhas do acidente relataram à polícia que a vítima pediu para que a esteira de moagem fosse desligada, pois o equipamento estaria travado. Depois de arrumada, a máquina foi religada e puxou o trabalhador.
O caso foi registrado no 1º Distrito Policial como morte suspeita e acidente de trabalho. A polícia e o Ministério do Trabalho vão investigar o caso. A usina não quis se pronunciar sobre a morte do funcionário.
O corpo de Renato Antônio da Silva foi levado para Pitangueiras (SP), na região de Ribeirão Preto, cidade onde a vítima morava. O sepultamento foi nesta terça-feira (12), no cemitério municipal.
Informações: G1